Dois dias depois da troca que abalou a NBA, a questão mais evidente hoje é se o trio formado por Kevin Durant, Kyrie Irving e James Harden vai dar certo no Brooklyn Nets.
Antes de qualquer coisa, é preciso enfatizar que o Nets era o destino que Harden queria desde o princípio. Ele pediu para ser negociado pelo Houston Rockets durante a offseason, não foi atendido prontamente e, então, passou a fazer “corpo mole”. Sim, Harden não apresentou-se junto de seus antigos colegas, perdeu jogos de pré-temporada e chegou para jogar muito fora de forma. Foi criticado por torcedores, pela mídia e levou um puxão de orelha de DeMarcus Cousins.
Depois, jogou, teve conversas com o técnico Stephen Silas, que pedia o mínimo: comprometimento. Ele não teve.
Contra o Los Angeles Lakers, em seu jogo de despedida, Harden não se esforçou minimamente para estar em quadra. Dos 33 primeiros pontos do Lakers, 15 foram em cima dele. No ataque, uma displicência terrível. Um jogador que não tinha a menor intenção de estar ali, forçando a saída. Deu entrevista em tom de despedida como se fosse um ultimato. Não que ele tenha só desistido do Rockets. Ele ainda foi atrás de um título onde, teoricamente, é mais fácil.
Mas vamos entender. Harden é, sim, um dos melhores jogadores da NBA atual. Foi o cestinha nas últimas três temporadas. Foi MVP ou brigou pelo prêmio nas últimas cinco campanhas. É óbvio que trata-se de um excepcional ala-armador. Não se engane por aquela forma horrível que ele vinha se apresentando. Aquilo lá vai contra tudo o que se imagina de um profissional, mas ele vai se recuperar. A motivação é clara: o título.
Jogar ao lado de Durant e Irving era seu sonho. Conseguiu. Agora, é entender como isso pode funcionar.
O Nets perdeu profundidade. As saídas de Caris LeVert e Jarrett Allen, além da lesão que tirou Spencer Dinwiddie do restante da temporada, podem trazer grandes problemas para o time.
No garrafão, até o momento, só tem DeAndre Jordan. Sinceramente? Ele estava levando um pau de Allen na disputa pela posição. Visivelmente mais lento em relação aos tempos de Los Angeles Clippers, Jordan está ali para pegar rebotes dos dois lados da quadra. Abre espaços dentro do garrafão para infiltrações de seus companheiros, faz picks e nada mais. Não tem mais ninguém para a posição. Nicolas Claxton possui 15 jogos de experiência na NBA, está lesionado no joelho e, sabe-se lá quando vai poder retornar às quadras.
Joe Harris seria uma aposta para seguir no quinteto titular, mas quem é que vai defender nesse time? Bruce Brown, ex-Detroit Pistons, já mostrou que pode ser capaz disso, enquanto Harris seria melhor vindo do banco de reservas.
Falando em defesa, Irving e Harden nunca foram bons no assunto. Durant vai ficar sobrecarregado. Esse é um problema grave, que não sei se o time possui peças para poder ajudar. Aliás, acho que nem Steve Nash sabe.
Quando você tem um time com três jogadores com calibre de MVP, a coisa muda de figura. Ofensivamente, eles são capazes de produzir 25 pontos cada, mesmo jogando juntos. Até mais, se brincar. Não sei se vai sobrar arremesso para outros jogadores, entretanto. E do outro lado, como fica?
O Nets, na atual temporada, é o terceiro com a melhor média de pontos (118.6), mas o 22° (112.9) que mais sofre. Isso, que Nash ainda resolveu utilizar Brown (cinco jogos no quinteto inicial, quatro vitórias, uma derrota e a média de pontos sofridos caiu para 109) e Allen como titulares e a defesa melhorou consideravelmente. Mas sem Allen, a situação no garrafão será um desafio. O treinador pode optar por formações mais baixas, como já mostrou em algumas situações, com Durant fazendo de conta que é o pivô, mas e quando do outro lado estiver um Nikola Jokic, Joel Embiid, Karl-Anthony Towns? Complica. E se enfrentar o Lakers? Quem marca Anthony Davis e LeBron James?
É certo que o trio mete medo em qualquer equipe. É muito talentoso. O Miami Heat de LeBron, Dwyane Wade e Chris Bosh tinha o melhor encaixe? De jeito nenhum, mas funcionou e foi para as finais em quatro oportunidades seguidas.
Claro que, quando o Nets abre mão de diversas escolhas de draft, o que mais a gente lembra é de quando o time “vendeu a alma” para o Boston Celtics para ter Kevin Garnett, Paul Pierce e Jason Terry, mas todos estavam no último suspiro de suas carreiras. O Nets de hoje tem Durant, Irving e Harden. É diferente. Ali, não tem ninguém perto de parar e estão todos em grande momento (exceto o físico de Harden).
Do Portal Jumper Brasil
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